Carlos Noronha Feio

Carlos Noronha Feio (n. 1981, Lisboa)

O percurso discursivo de Carlos Noronha Feio desdobra-se em formas tão diversas como o vídeo, a performance, a tapeçaria ou a pintura. De certo modo a dimensão escultórica do seu trabalho está centrada na forma como os aspectos culturais e políticos ocupam um espaço na sociedade contemporânea. Desde o início do seu percurso o artista construiu um corpo narrativo que reflecte sobre a ocupação do espaço como uma narrativa dimensional. Peças de arte onde dois tipos diferentes de espaços são sobrepostos: um espaço bi-dimensional de representação pictórica, e um outro espaço tri-dimensional que contem os segmentos que formam a união entre uma imagem e outra, onde a tenção existente introduz o observador na dimensão temporal da obra.

A ideia da instalação, de Carlos Noronha Feio para a Casa Cadaval (Muge), é de uma certa forma uma de protecção do espaço privado, da separação do que é do domínio público. Existe uma sensação que se reporta à noção de identidade cultural já existente nos seus outros trabalhos anteriores. Esta peça força o observador a colocar-se numa posição externa ao acontecimento, onde não podemos participar; podemos observar o que aconteceu nesse espaço interior, mas não podemos entrar, fazer parte. Estamos de fora, somos excluídos através da nossa própria inclusão.

Só podemos vaguear em redor e criar a nossa própria narrativa sobre as diferentes possibilidades de existência de um elemento comum. Os objectos actuam como um sinal dessa transferência.

Este trabalho é também um jogo entre a realidade e a representação. De um lado está a capacidade da instalação em reportar para um acontecimento no passado – a celebração de um encontro familiar, um documento de índice biográfica – enquanto os materiais (o tampo e as pernas de cimento de uma mesa, a balança suspensa por uma corda de cânhamo, o alguidar de barro vidrado com facas lavadas) são elementos do presente, qualquer coisa que vemos no espaço em frente à adega da Casa Cadaval.

Este é o mesmo jogo aplicado no momento em que saboreamos um vinho ou apreciamos uma ária musical: por um lado a capacidade sensitiva dos aromas de nos reportarem para um acontecimento passado; enquanto por outro a capacidade racional de caracterização dos elementos presentes no vinho ou na musica.

Produção: nada na manga – associação/Trienal do Vale do Tejo

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